segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mesmo potência, Bolsa ainda atinge apenas 7% do Brasil

A BM&FBovespa S.A. (Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros) foi criada em 2008 com a integração entre BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) e Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).

Juntas, as companhias formam uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, a segunda das Américas e a líder no continente latino-americano. É atualmente a quarta maior bolsa do mundo atrás apenas das bolsas de Hong Kong, CME Group (Chicago) e Deutsche Boerse (Eschborn/Alemanha). Por dia o volume médio de negócios da BM&FBovespa é de R$ 5,4 bilhões. Seu lucro líquido no 2º trimestre de 2009 foi de R$ 325 milhões.

Mesmo com toda essa potência, a BM&FBovespa e corretoras calculam que apenas cerca de 7% da população ou 12 milhões de brasileiros investem ou conhecem a Bolsa, sendo que pessoas físicas investindo são só aproximadamente 600 mil pessoas e o conjunto total de investidores em diversos fundos somam 7 milhões.

Popularização
Para tentar mudar isso a BM&FBovespa realiza periodicamente cursos gratuitos para explicar seu funcionamento e realiza visitas a escolas e empresas. Recentemente, foi criado o Programa de Educação Financeira, realizado em parceria com a TV Cultura, exibido de segunda a sexta, às 7h15 e aos sábados, às 10h15. Trata-se de uma iniciativa pioneira no país em prol da popularização do mercado de capitais, da economia, finanças pessoais e tipos de investimento.

Os especialistas da Bolsa esclarecem que se trata de um investimento de risco, mas com alta rentabilidade se o investidor encarar aplicar ao longo prazo, tiver uma diversidade de ações e fizer compras periódicas no mercado.

Sobre as orientações para o investidor, o analista Ricardo Martins afirma que primeiro ele deve ter bem claro qual é seu horizonte na Bolsa. “Se ele focar o curtíssimo prazo para aproveitar as oportunidades de entrada e saída de capitais rápidas no Brasil, ele tem que estar muito atento, muito bem subsidiado pela corretora que o apóia. Mas se o horizonte do investidor for longo, por anos, como praticamente um sócio da empresa da qual adquire as ações, ele tem que aguardar os dividendos anuais dos lucros”, explica.

A valorização do Ibovespa, que aumenta na medida em que sobe o valor das ações, de 1968 a julho de 2008, rendeu 37 vezes o valor investido. Muito superior a qualquer investimento de renda fixa, como a poupança.

São 433 empresas hoje na BM&FBovespa, sendo que algumas são “blue chips”, isto é, ações de grande liquidez (grande quantidade de negócios) e mais procuras no mercado. São elas Petrobras, Vale, Itaú Unibanco, ações da própria BM&FBovespa, Bradesco, Gerdau, CSN e Usiminas. O preço das ações, chamado no mercado de “cotação”, oscila conforme a expectativa dos investidores em relação à companhia. Uma ação pode valer menos de R$ 1 ou mais de R$ 40.

Conheça mais
Site: www.bovespa.com.br

Investimento em tecnologia é de R$ 116 milhões
Em 2009, a BM&FBovespa está investindo R$ 116 milhões no desenvolvimento de projetos de tecnologia. Um dos carros-chefe é o sistema Mega Bolsa, que possibilita às corretoras enviarem em tempo real suas ordens de compra ou venda diretamente de seus escritórios, localizados em qualquer parte do Brasil, para a BM&FBovespa.

Mundialmente conhecido como NSC, o Mega Bolsa é utilizado por mais de 20 bolsas de valores em todo o mundo. Ele reproduz na tela o ambiente de negócios, exibindo os registros de ofertas e propiciando o fechamento automático das operações.

Com a finalidade de oferecer o máximo de segurança nas operações realizadas em seu sistema de negociação, a Bolsa as acompanha minuciosamente. Além disso, exige limites e garantias para a execução dessas operações.

A CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) administra o risco que essas operações podem associar aos mercados, estabelecendo limites operacionais para os Agentes de Compensação; estes, por sua vez, às Corretoras; e as mesmas a seus clientes.

Os limites operacionais são estabelecidos de acordo com as respectivas capacidades de liquidação das operações. Esses limites podem ser aumentados diariamente por meio do depósito adicional de garantias.


Entenda mais

Ações – são títulos negociáveis que representam, para quem as possui, uma fração do capital social de uma empresa. É um pedacinho dela

Companhia aberta – quando uma empresa decide abrir seu capital ela promove a colocação de valores mobiliários em bolsas de valores. As empresas fazem isso para obter dinheiro e crescer mais

Dividendos – são uma parcela de lucro líquido distribuída aos acionistas (donos das ações), na proporção da quantidade de ações que eles possuem. As empresas devem distribuir por lei no mínimo 25% de seu lucro líquido

Corretoras – são instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). São elas que executam operações de compra e venda de ações. A lista de todas as corretoras brasileiras está no site http://www.bovespa.com.br/Corretoras/index.asp?Corr=membros

Clubes de investimento – é uma opção para participar do mercado de ações em um grupo de amigos, vizinhos, colegas de trabalho etc. Cada pessoa reserva uma parte de suas economias para aplicar em conjunto

Home broker – é um instrumento que permite a negociação de ações via Internet. Ele permite que você envie sozinho ordens de compra e venda de ações através do site de sua corretora na internet. Informações em www.homebroker.com.br

Fonte: BM&FBovespa



Paulão tem saudade dos gritos e amizade
Paulo Roberto da Silva, 56 anos, o Paulão, hoje é assessor comercial da corretora Planner na capital. Ele começou na Bolsa aos 18 anos e um ano depois foi a trabalhar como operador, em 1973. Na época o pregão utilizava uma grande lousa negra para escrever a maioria das cotações das ações com giz e um pequeno quadro eletrônico começava a ser introduzido na rotina de trabalho. “Fechávamos o negócio na palavra, no boca-a-boca, consumávamos a transação por escrito em um papel com carbono e alguém na Bovespa transmitia esses dados para a visualização de todos nos painéis”, conta.

Depois essas anotações com carbono foram substituídas por cartões que lembravam cupons de loteria, que eram preenchidos com lapiseiras e lidos em seguida por leitores ópticos. As informações então ficam disponíveis em sistemas de computadores e mostradas em painéis.

Atualmente, todas as transações da BM&FBovespa são controladas pelo sistema Mega Bolsa. “No pregão viva-voz nosso recorde foi de 25 mil negócios num único dia. Nesse novo sistema o recorde é de 582 mil negócios num único dia”, explica.

Mas mesmo com todos os benefícios da tecnologia, Paulo diz ter saudades de participar ou ver o contato humano de um pregão viva-voz – época que entrou para o imaginário das pessoas com as cenas de centenas de operadores negociando ações na base do grito. Ele afirma ter passado “os melhores dias de sua vida naquele dia-a-dia da Bolsa”.

“Era como se você fosse um feirante e todo o dia tendo que conviver com seu companheiro de feira, cada um vendendo seu peixe. Todos disputando o negócio, o cliente, mas com grande companheirismo e respeito muito grande. Isso das 10 da manhã às 5 da tarde com o número máximo de 1.500 operadores”, lembra.

Com o advento das tecnologias da informação, o pregão da Bolsa foi se esvaziando. Cada operador foi trabalhar em escritórios em locais diferentes de São Paulo. O pregão da Bolsa teve três espaços físicos famosos – a partir de 1934 no Palácio do Café, no Pátio do Colégio em frente ao Palácio do Anchieta, em 1972 na rua Álvares Penteado e em 1985 foi transferido para o antigo banco Comind (Banco de Comércio e Indústria do Estado de São Paulo) na Praça Antonio Prado.

No final dos anos 90, o pregão começou a ser dividido, somente os principais papéis eram negociados no viva-voz e a maioria das ações passou a ser negociada no pregão eletrônico. Em 2005 o pregão viva-voz acabou definitivamente na Bovespa e em julho de 2009 na BM&F.

domingo, 19 de junho de 2011

Sebrae-SP vai colocar MPEs nas novas mídias


Extrair todo o potencial de negócios, interatividade e informação das novas mídias para uso das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do estado de São Paulo. Essa é uma das principais metas do novo diretor superintendente do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Bruno Caetano, para este ano. (Veja arte ao fim da matéria)

Ele é ex-secretário estadual de comunicação e sucede Ricardo Tortorella, que foi para o cargo de diretor técnico do Sebrae-SP. Bruno falou ao BOM DIA dos planos de sua gestão, que incluem, além dos projetos de novas mídias, ações como mais formalização de empresas através do MEI (Microempreendedor Individual), novos cursos de capacitação e mais estímulos à competitividade.

Novo cenário /A aposta em trabalhar com novas mídias foi justificada por  Bruno com uma constatação: as vendas de smartphones superaram recentemente a de computadores pessoais (PCs) no mundo. “Essa é uma tendência que também será observada no Brasil”, afirma.

Por esse motivo as metas são trabalhar com móbile site, tablets (dispositivos pessoais em forma de prancheta, que podem ser usados para acesso à internet), web TV, redes sociais, entre outras ferramentas (veja ao lado). O objetivo com isso é expandir toda a comunicação do Sebrae-SP com os pequenos empreendedores e também tornar mais fácil a eles o uso dessas ferramentas. Faz parte do planejamento dos Núcleos Digital e de EaD (Ensino à Distância)  ações visando inclusão digital das MPEs que vão desde cursos a distância a tutoriais explicativos sobre desenvolvimento de sites.

Para se ter uma ideia, segundo estudo da consultoria IDC Brasil, as empresas brasileiras vão entrar de vez no mundo dos tablets neste ano com 30% a 40% das compras totais no mercado nacional, estimadas em 300 mil aparelhos.

De olho nesse potencial corporativo o governo federal também tem planos para tornar mais acessível a compra dos tablets, hoje com preços que variam entre R$ 599 a R$ 2.699, dependendo de promoções, do modelo e também se está no plano de alguma operadora de telefonia. Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, são estudadas medidas de incentivo na forma de crédito e menos tributação para ter preços para entre R$ 400 e R$ 500, mas a Abinee  (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) fala em valores possíveis entre R$ 800 e R$ 1 mil.


MEIs
A meta do Sebrae-SP é a formalização de 125 mil empresas com o MEI neste ano.
Até fevereiro, eram
54 mil MEI na Capital e 135 mil no interior de São Paulo.


Opinião
Ronaldo Fragoso,  sócio-diretor da consultoria Deloitte Brasil
Planejar é ponto chave para vencer
O número de pequenas empresas que fecha antes de completar cinco anos ainda é muito alto no Brasil. O pequeno empreendedor precisa ter um planejamento prévio para abrir sua empresa. É necessário definir antes quais serão suas receitas, custos e lucro previstos para ver se o negócio é viável ou que ajustes podem ser feitos para chegar nesse objetivo. O planejamento financeiro, levando em conta todos os custos, aluguel e salários, vai evitar que o fluxo de caixa fique comprometido no futuro com empréstimos. Fatores como a escolha do ponto e que serviço diferenciado  oferecer também são essenciais. A barreira crítica é vencer o primeiro ano, mas também é necessário fazer um planejamento de longo prazo, usando parte do lucro para treinar funcionários e reinvestir em inovação. Pequenas empresas têm também que pensar em inovação de tecnologia ou gestão. Elas têm que se reinventar todos os dias para manter clientes e conseguir novos. O Brasil tem atualmente um bônus demográfico, o ápice do número de pessoas em condição de produzir e consumir, que vai durar cerca de 20 anos. Nesse cenário as pequenas empresas terão muitas oportunidades, principalmente nas áreas de serviços, TI, hotelaria, construção, óleo e gás.

Com turboélices, Azul terá mais voos no interior de SP

A Azul Linhas Aéreas terá mais voos no interior de São Paulo a partir do 2o. semestre do ano que vem.
O anúncio foi feito na manhã de ontem em entrevista coletiva em São Paulo. Atualmente a empresa tem como base principal o aeroporto de Viracopos em Campinas.
Para atuar em outras cidades do interior do estado o presidente executivo da Azul, Pedro Janot, disse que vai passar a atuar em outro nicho de mercado. “Observamos demanda reprimida em cidades médias, pessoas que chegam a se deslocar até 700 km para poder voar pela Azul. Agora vamos passar a atender essas pessoas em suas cidades”, disse.
O início desse projeto será usando Viracopos para ligar cidades médias do Interior de São Paulo. A ideia é “alimentar” mais  Viracopos com passageiros e fugir de centros tidos como esgotados, como São Paulo e Rio.
Para atender no Interior a Azul também vai passar a adotar uma nova aeronave, a turboélice franco-italiana ATR 72-600s, com 70 lugares. Há um ano meio, a Azul iniciou sua atuação com jatos, usando o Embraer 195.
Ontem Janot confirmou a compra de 20 turboélices e mais a opção de compra de outros 20, um negócio de cerca de US$ 850 milhões.
As cidades que a Azul vai voar no Interior no próximo ano não foram reveladas. “Vai ter que arrancar meus olhos para eu falar”, brincou Janot. Porém ele disse que cidades médias estão no plano e possivelmente devem ter voos, como Bauru, Ribeirão Preto e Rio Preto.
Cidades como essas serão ligadas a Viracopos e de lá terão conexões para destinos como Brasília, Salvador, Porto Alegre, Manaus, Belo Horizonte, entre outras.
Disputa com a Trip é descartada
Miguel Dau durante a coletiva de ontem: estratégia inicial está mantida
Especialistas e executivos do setor aéreo afirmam que a estratégia da Azul com os novos turboélices seria focar a competição na Trip, que já opera nove turboélices ATR 72-500, e deixar de lado as grandes TAM e Gol.
Ontem Pedro Janot e o vice-presidente técnico-operacional, comandante Miguel Dau, negaram essa estratégia. “Não estamos abandonando nossa estratégia inicial, do hub bypass [estratégia de evitar aeroportos esgotados], ao contrário, isso agora será reforçado”, disse Janot.
Ontem a Trip por meio de sua assessoria de imprensa disse que também tem a intenção  de expandir sua atuação nas regiões em que já atua. No Interior, a empresa tem voos em Araçatuba, Campinas e Rio Preto.
Segundo a  Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),  no mês passado a Trip teve 2,37% do fluxo total de passageiros no país e a  Azul teve  5,8%.
Anteontem a Embraer confirmou também a venda de cinco jatos do modelo 195 para Azul e dois Embraer 190 para a Trip.
‘Campinas precisa de atenção‘
Para o   vice-presidente técnico-operacional da Azul, comandante Miguel Dau, a aeroporto de Viracopos em Campinas tem condição de atender a demanda extra que a Azul vai buscar no Interior e em outras regiões do país.
Mas ontem ele reconheceu que há problemas. A companhia portuguesa TAP recentemente começou a operar em Viracopos e já há rumores de outras companhias interessadas da China e da Europa. “A infraestrutura de Viracopos precisa ser melhorada para essas novas empresas. A TAP teve problemas graves em seu terminal”, afirma Miguel.
Viracopos, que é administrado pela Infraero, vem apresentando um super crescimento de passageiros. Em 2002 eram 787.161 e no ano passado foram 3.364.300 passageiros, alta de 327%. No dia 14, a Infraero prometeu R$ 6,48 bilhões para os aeroportos brasileiros, entre eles Viracopos, por conta da Copa de 2014.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estado vai pagar por preservação ambiental

Hoje é o dia mundial do meio ambiente e o paulista tem muitas razões para se preocupar em várias áreas. Por exemplo, o estado de São Paulo possui apenas 17,5% de sua área total com matas nativas (4,3 milhões de hectares), segundo o Instituto Florestal da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
A comparação com área agrícola é desproporcional. São Paulo tem 18 milhões de hectares de lavouras e pastagens, como aponta o IEA (Instituto de Economia Agrícola).
 Para tentar diminuir o desmatamento ou pelo menos manter as matas que já existem, o secretário estadual de meio ambiente, Bruno Covas, afirma que produtores rurais serão pagos  para preservarem.
O chamado PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) vai ser implantado como um projeto piloto primeiro em 21 cidades, como Assis, Brotas, Garça, Eldorado, Guararapes, Ibiúna, Itapecerica da Serra, Monteiro Lobato, Novo Horizonte, São Bento do Sapucaí  e Votuporanga. “A partir desta experiência outros projetos de PSA serão lançados”, afirma Bruno Covas.
O objetivo principal é proteger matas de nascentes. Para receberem os pagamentos, os produtores devem estar nas áreas prioritárias definidas pelas prefeituras de acordo com os objetivos do programa manancial de abastecimento. As 21 cidades receberão R$ 3,15 milhões de PSA.

Mínimo necessário /O diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, elogia a iniciativa e pede que o PSA seja expandido. “Se recuperarmos margem de rio, 30 metros de cada lado, voltaremos a ter a cobertura florestal necessária e minimante exigida pelos acordos internacionais”, destaca.
  Como prioridades ambientais para o estado ele cita o tratamento de esgoto,  a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e a  expansão do ZEE (Zoneamento Econômico Ecológico) para o todo o estado. O ZEE subsidia o governo com bases técnicas para definir os diversos usos do território, de forma a promover o desenvolvimento sustentável. Atualmente só o litoral norte  tem isso.
 São Paulo tem em operação   16 lixões. Dos 645 municípios do estado, 627 tem aterros sanitários considerados adequados. O secretário Bruno Covas afirmou que o cuidado com o lixo é uma função municipal, mas o governo está ajudando as cidades por meio do Fecop (Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição).
 Quanto ao esgoto, mais de 100 cidades ainda estão em condição precária: 518 municípios já realizam o tratamento. O estado afirma que tem estimulado as prefeituras a cuidarem melhor dessa questão com o apoio da Sabesp e estímulo do  certificado Município Verde Azul, o qual ajuda na liberação de financiamentos.
economia verde /O governo estadual pretende também adotar em São Paulo uma tendência ecológica que virou moda para muitos políticos: a economia verde. “Apostar nisso é criar uma janela de oportunidades para que a planta industrial de São Paulo seja diferenciada das outras, porque é limpa. Isso significa agregar valor socioambiental ao produto”, diz.
 Ele pretende lançar em  conjunto  com outras secretarias  um selo de qualidade ambiental aos produtos, negócios, empreendimentos que tenham a sustentabilidade como base.
 O PNUMA (Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente) afirma que no mundo as principais barreiras para a economia verde são a falta de subsídios, leis, impostos, envolvimento do setor financeiro e do mercado e cobrança da sociedade civil.


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São Paulo não está pronto para Código Florestal
O polêmico novo Código Florestal aprovado pela Câmara no dia 25 do mês passado definiu que os estados devem criar seus próprios programas de regularização ambiental. Tomado como uma derrota pelo governo federal, o novo Código será ainda votado no Senado, sem data prevista.
Mas hoje o estado de São Paulo não poderia criar seu próprio programa de regularização ambiental porque não tem um ZEE (Zoneamento Econômico Ecológico) em todo o território. O secretário Bruno Covas afirmou que estão em andamento  trabalhos na Baixada Santista e no Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape e Cananéia, para formular propostas de ZEE para aquelas regiões. Está  em andamento também a primeira fase do ZEE Vale do Paraíba, cuja consulta pública está divulgada a partir do dia 3 de junho. “Está em discussão o modelo metodológico para o ZEE das demais regiões do estado, que possuem vocação diferenciadas em relação às que se encontram em andamento”, diz.
Sobre os demais pontos do novo Código Florestal, o ambientalista Mário Mantovani diz que ele deveria ser chamado de “Código Agrícola”. “Estive com a presidente Dilma no dia da votação em Brasília. A maioria dos deputados nem sabia o que ia ser votado, a bancada ruralista ditou os rumos. E a votação também acabou sendo usada como moeda de troca”, acusa.
  Ele critica o afrouxamento das regras de desmatamento para APPs (áreas de preservação permanente) e reservas legais, além da anistia para os desmates ocorridos até junho de 2008.
O professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo), com base no Código aprovado na Câmara, afirma que o estado de São Paulo não será afetado porque  já foi muito desmatado. Pelo contrário, seria necessário reflorestar uma área de mais de 1 milhão de hectares.
José Sidnei Gonçalves, pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola), afirma que a produção agrícola paulista se consolidou nos anos 1970 e também não haveria mais espaço para desmates.


Entrevista com o professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo)
 
Segundo cálculos do professor Gerd Sparovek o novo Código Florestal aprovado pela Câmara pode permitir o desmatamento de 22 milhões de hectares, ou seja, reduziu muito as exigências ambientais no país e será prejudicial. Porém sua avaliação é que no estado de São Paulo não há mais espaço para desmates.
 
 
- Com o novo Código Florestal aprovado na Câmara, qual o tamanho da área no Estado de São Paulo em que poderia ser permitido o desmatamento? Incluindo desmate em APPs e de reserva legal para pequenos produtores
 
O Estado de São Paulo tem dois biomas (Mata Atlântica e Cerrado). A Mata Atlântica é protegida pela Lei da Mata Atlântica, não sendo permitido desmatamento. Nem o Cerrado nem a Mata Atlântica que ainda está em pé no estado de São Paulo são suficientes para atender a demanda de Reserva Legal do Código Florestal proposto. Mesmo preservando toda a Mata Atlântica e Cerrado que ainda estão preservados no Estado, será necessário compensar 1,1 milhões de hectarede de Mata Atlântica e 870 mil hectares de Cerrado fora do Estado através da compensação no mesmo bioma em áreas prioritárias de outros estados, ou restaurar área equivalente no estado. Ou seja, o estado de São Paulo não tem como desmatar mais, além de preservar toda a vegetação nativa que ainda tem, terá que compensar ou restaurar áreas para atender as exigências do Código Florestal.




- Para o sr. o novo Código flexibiliza muito o desmate? É desigual?

A redução das exigências (anistias) de APP e Reserva Legal foram muito elevadas. Isto facilita a adequação dos produtores, mas compromete a preservação. Não há na propsota mecanismos que permitem que aqueles que não atendem as exigências desmatem, mas há diversas formas de reduzir a restauração e necessidade de compensação nestes casos. Com a redução das exigências, na prática, haverá menos vegetação natural em APP e indiretamente menor área de Reserva Legal será compensada fora das propriedades. Como resultado final, a vegetação natural não protegida, ou seja, passível de desmatamento legal; será bem maior do que numa situação em que as anistias não fossem tão grandes.



- O Estado de São Paulo tem mais pequenos produtores do que grandes? Isso poderia devastar em muito o Estado?

Não tenho dados sobre isto no momento.


- A mata nativa hoje tem quanto de área? Poderia cair para quanto?

Em nenhum cenário do Código Florestal proposto há possibilidade de desmatamento adicional no estado de São Paulo. Caso a proposta seja realmente cumprida o eSP terá que utilizar todas as suas reservas de vegetação nativa como Reserva Legal e terá que compensar área fora do estado.
 
 
 
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Entrevista com o pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola) José Sidnei Gonçalves
 
- Qual o impacto do novo Código Florestal para o estado de São Paulo?
Há uma confusão objetiva sobre o Código Florestal, estão comparando a Amazônia com São Paulo. No estado de São Paulo há 3,7 milhões de hectares que poderão sair da ilegalidade com o novo Código Florestal, essa questão será resolvida. O número equivale ao total de áreas que precisam ser recuperadas no estado conforme determina a medida provisória 2166-67, de 2001. Essa lei excluiu as APPs das reservas legais, portanto deixou muitos agricultores ilegais. Isso pode ser consertado com o novo código.
 
 
- Mas a produção agrícola não poderia desmatar ainda mais áreas?
O estado de São Paulo nos anos da década de 1970 já consolidou sua produção agrícola. De 1970 para cá aumentou a vegetação em 150 mil hectares e a cana cresceu principalmente em áreas de pastagens. Ninguém fala isso, mas se destruir agricultura urbana, vai aumentar a especulação imobiliária, por isso o novo código será útil.