sexta-feira, 29 de julho de 2011

Interior já tem mais de 1 milhão de pessoas voando

O avião está se tornando um meio de transporte cada vez mais comum no Brasil. Ontem a Iata  (Associação Internacional de Transporte Aéreo) divulgou que, neste primeiro semestre, o número de passageiros no mercado doméstico brasileiro cresceu 19%, a maior alta mundial.
No estado de São Paulo o crescimento é ainda maior. Segundo o Daesp (Departamento Aeroviário paulista) foram 1.236.632 no mesmo período, alta de 50%. A maior parte desses terminais está no Interior, em cidades como Bauru, Rio Preto, Sorocaba e Jundiaí, realizando voos regionais.
A Iata atribuiu isso ao aumento da renda do brasileiro. O especialista em aviação da consultoria Bain & Company, André Castellini, disse ontem  que  a competição entre as empresas também contribuiu para o bom desempenho. Inclua-se a isso a queda nos preços de tarifas, que já estão alinhadas com países como os EUA.
A respeito dos resultados no estado de São Paulo, Castellini destaca que os voos de negócios ajudam. “É um serviço já adotado por várias cidades médias, além dessas pessoas já fazerem conexões nacionais e internacionais”, diz.
O lado negativo disso é o gargalo aeroportuário, que já restringe o crescimento de passageiros. Segundo Castellini, a operação já é cerca de 130% acima da capacidade.
O Daesp informou ontem que vai investir este ano R$ 60 milhões para melhorias nos aeroportos paulistas.

Infraero prevê investimento de
R$ 6,48 bilhões em aeroportos até 2014

A situação aeroportuária é a que  mais preocupa na realização da Copa

Situação pode ter mudança no futuro
De 2003 a 2008, o número de passageiros no Brasil cresceu 59%, enquanto a média mundial ficou em 39%, segundo a Infraero e a ACI (Airport Council International). Grande parte disso se deveu aos voos regionais. O presidente da Abetar (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional), Apostole Lazaro Chryssafidis, disse ontem que das 11 empresas de voos regionais que atuam no país, cinco já estão em São Paulo (Trip, Avianca, Passaredo, NHT e Puma Air Linhas Aéreas). Mas ele ponderou que a situação pode estar chegando no limite. “Há a falta de espaços nos terminais de passageiros, pátio de aeronaves e horários para novos voos. Investimentos são urgentes”, disse.

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Passageiros em alta
Segundo a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), o mercado brasileiro teve a maior taxa de crescimento doméstico do mundo (15,1%) em junho, acima do verificado na Índia (14%) e da China (5%), que detém o segundo maior mercado doméstico mundial. Nos EUA, que representam mais de 50% do mercado de vôos domésticos, houve um incremento de 1,3% do tráfego no mês passado


Passageiros nos aeroportos paulistas do Daesp*
1o. semestre do ano passado - 822.344
1o. semestre deste ano - 1.236.632
Alta de 50%


Passageiros nos aeroportos paulistas da Infraero (domésticos)**
1o. semestre do ano passado - 17.515.759
1o. semestre deste ano - 20.719.702 -> representa 27% do total nacional
Alta de 18%

Passageiros em todo país em terminais da Infraero (domésticos)
1o. semestre do ano passado - 64.371.925
1o. semestre deste ano - 77.200.861
Alta de 20%


* São 31 aeroportos de cidades como Bauru, Jundiaí, Sorocaba e Rio Preto
** Inclui Guarulhos, Viracopos, Campo de Marte, São José dos Campos e Congonhas


Fontes: Daesp, Infraero e Iata

terça-feira, 26 de julho de 2011

Faltam 120 mil caminhoneiros

A frase antiga “Sem caminhão, o Brasil para”, que decorava vários para-choque pelo país,  ganhou um novo significado. Na verdade, agora falta é caminhoneiro. E muitos.
Estudo da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) aponta que o déficit no país é de cerca de 120 mil caminhoneiros, a maioria deles no estado de São Paulo. No total, o Brasil tem 1,2 milhão de caminhoneiros. 
O presidente da entidade, Flávio Benatti, comenta que a falta de mão de obra é um problema que afeta todos os setores da economia, devido ao crescimento rápido do país e à educação precária, mas a situação no transporte de carga é mais grave. “Há uma falta de interesse do jovem por essa profissão, pois  o caminhão vem sendo tratado como um grande problema do país. Tudo isso porque houve falta de planejamento de quem governa ao deixar as estradas em más condições”, dispara. 
O fato de ter menos caminhoneiros no mercado contribui para aumentar os altos custos logísticos do país. Sem motoristas, há uma demora maior para transportar  cargas, principalmente em finais de mês ou em datas comemorativas. 
A transportadora TNT, que atua em todo o país, é uma das muitas do país que sofre com a falta de caminhoneiros. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirma que para contornar esse problema teve que criar um programa para formar motoristas a partir de seu próprio quadro  de funcionários, com aulas de direção defensiva, meio ambiente, respeito a terceiros no trânsito e noções sobre o veículo e mecânica. A empresa tem 1,5 mil motoristas próprios e contrata até 2 mil veículos no período de pico. 


Carteira cara /A CNT (Confederação Nacional do Transporte) também aponta a gravidade da situação e destaca outro problema que dificulta a formação de mais caminhoneiros: a habilitação profissional custa R$ 2, 4 mil.
  A carteira é a de tipo C (caminhão) e E (carretas). O presidente da CNT e do Conselho Nacional do Sest/Senat, senador Clésio Andrade, defende que a carteira seja gratuita para jovens desempregados e de baixa renda. “Hoje, o jovem tem de pagar em torno de mil reais e depois pagar mais para conseguir mudar para as categorias necessárias. O transportador não tem condições de bancar”, disse por meio de sua assessoria. 
A proposta foi entregue no final de junho ao Ministério da Ciência e Tecnologia para criar o Programa Social do Jovem Motorista. Até o fechamento desta edição o ministério não respondeu como está  análise do projeto.


Senat vai oferecer cursos; salário inicial está em alta
A partir deste segundo semestre, ainda sem data definida, o Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) divulga que vai iniciar as inscrições para  cursos, em todo o Brasil, com a finalidade de formar novos motoristas profissionais e elevar a oferta de mão de obra especializada. Os cursos serão realizados nas unidades do Senat e devem contemplar 66,9 mil profissionais por ano. O alvo da formação são motoristas recém-habilitados sem experiência no setor de transporte.  A Senat já oferece cursos, mas hoje só para motoristas com mais experiência. 
A CNT também negocia com o Ministério da Ciência  um plano de formação de caminhoneiros que treinaria 150 mil motoristas nos próximos três anos. Com a falta de mão de obra, o salário de motorista de caminhão está em alta. Segundo a Sert (Secretaria Estadual do Emprego), a média inicial no estado é de R$ 1.108.

domingo, 24 de julho de 2011

Análise do discurso - Trabalho Interno: crise econômica, moral e corrupção








INTRODUÇÃO


Este presente trabalho analisa o documentário Trabalho Interno (“Inside Job”, EUA, 2010). O tema é a crise financeira mundial de 2008-2009, destacando principalmente seus desdobramentos nos EUA e parcialmente na Islândia.


O filme faz uma análise técnica da crise, mostrando seus motivos econômicos, e também faz juízo de valor: para seus autores, o sistema financeiro dos EUA criou uma corrupção sistêmica naquele país. O setor financeiro é atacado tanto pelos prejuízos monetários que causou como também por agressões a valores morais que os autores defendem – ética profissional/acadêmica e luta contra as drogas e prostituição.






DESCRIÇÃO


+ Emissor: documentário Trabalho Interno, de Charles Ferguson


O diretor e roteirista é Charles Ferguson, 56 anos, fundador e presidente da Representational Pictures, Inc. Também dirigiu “No End In Sight: A ocupação americana do Iraque” (2007). É também cientista político, matemático e obteve um Ph.D. em ciências políticas pela MIT em 1989. Ferguson, em seguida, realizou uma pesquisa de pós-doutorado no MIT ao mesmo tempo deu consultoria para a Casa Branca, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA e para o Departamento de Defesa, e dos EUA e da Europa, além para várias empresas de alta tecnologia. De 1992-1994 Ferguson era um consultor independente, fornecendo consultoria estratégica para as gerências de empresas de tecnologia, incluindo Apple, Xerox, Motorola e Texas Instruments.


Em 1994, criou a Vermeer Technologies. Junto com Randy Forgaard, criou uma das primeiras ferramentas de desenvolvimento visual de web site, o FrontPage. No início de 1996, a Vermeer foi vendida por US$ 133 milhões para a Microsoft, que integrou o FrontPage no Office Microsoft.


Após isso, Ferguson se dedicou a carreira acadêmica, como professor visitante e palestrante no MIT e Berkeley. Ele também é o autor de quatro livros e muitos artigos sobre a tecnologia da informação e suas relações com as questões econômicas, políticas e sociais. É ainda um membro vitalício do Conselho de Relações Exteriores, um diretor da Fundação Franco-Americana, e suporta várias organizações sem fins lucrativos.


Seu interesse em cinema começou com ajuda para festivais de cinema pequenos. Segundo suas declarações na época, em meados de 2005, depois de saber que nenhum filme documentário que abrangeria a política dos EUA no Iraque estava sendo feito ou foi planejado, ele formou a Representational Pictures e começou a produção de “No End In Sight”. O filme afirma que os erros graves cometidos pelo governo do presidente George W. Bush durante esse tempo foram a causa dos problemas que se seguiram no Iraque, como a ascensão da insurgência, a falta de segurança e de serviços básicos para muitos iraquianos, a violência sectária e o risco de guerra civil completa.


Em “Trabalho Interno”, Charles Ferguson é quem faz as entrevistas, mas não aparece no vídeo, apenas sua voz é ouvida.


O narrador, parte muito importante de quase todos os documentários por conduzir a obra e fazer julgamentos, é Matt Damon, 41 anos. Ele é ator de sucesso nos EUA, roteirista e filantropo. Defende causas como a diminuição do lixo eletrônico, preservação da água, combate a Aids e pobreza na África, entre outras. Foi crítico da invasão norte-americana no Iraque após o11 de Setembro. Também fez críticas públicas contra a política republicana Sarah Palin, ex-candidata a vice Presidência pelo partido Republicano.






+ Código: imagens, sons e textos


A obra utiliza imagens de arquivo (entrevistas a canais de televisão mundiais; imagens que remetem a recessão como de filas de desempregados, obras paradas, casas vazias etc.; fotos de personalidades; paisagens naturais); animações gráficas; imagens de documentos; e entrevistas.


Além dos sons das palavras das entrevistas, a trilha sonora tem as músicas:


“Big Time”, de Peter Gabriel


“New York Groove”, de Russell Ballard


“Takin' Care of Business”, de Randy Bachman


“Congratulations”, de Ben Goldwasser & Andrew VanWyngarden


A melodia e letras reforçam momentos do filme que falam de ostentação de riqueza e poder. “Big Time”, por exemplo, aparece nos créditos de abertura, com os prédios luxuosos de Wall Street e Nova York e pequenas falas dos entrevistados que virão no decorrer do filme.


Os textos escritos são reproduções documentos: balanços financeiros de bancos, demonstrativo de patrimônio de personagens do filme, documentos governamentais sobre regulação financeira e artigos acadêmicos sobre o sistema financeiro.






+ Canal - Cinema e vídeo


Os meios de distribuição foram/são o cinema e revendedoras da obra em mídias como DVD. O filme também já foi parar na internet em arquivos piratas.


Os canais de repercussão de sinopses e trechos do filme têm sido a internet, jornais e programas de televisão. O filme também foi bem divulgado na cerimônia do Oscar de 2011, já que a película ganhou o prêmio de melhor documentário.






+ Contexto - O mundo ainda em recuperação e/ou em crise


O eixo principal do filme são os anos de 2008 e 2009, de eclosão e piores efeitos da crise financeira mundial nos EUA e em menor carga na Islândia, Reino Unido, Singapura e China. Mas também são lembrados fatos nos EUA desde o governo do presidente Ronald Reagan (1981-1989) relacionados à desregulação do mercado financeiro.


A campanha eleitoral e o primeiro ano de governo do presidente Barack Obama também são destacados em relação ao discurso eleitoral e à ação efetiva da administração Obama para controlar a crise.


O ano de lançamento do documentário, 2010, mostrava grande parte dos países ricos ainda sentindo os efeitos da crise. Os EUA continuavam injetando bilhões de dólares em sua economia para tentar sair da recessão e principalmente os países Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha e Itália estavam com sérios problemas de dívida pública e desemprego que colocavam toda a Europa em risco. Por tabela, o resto do mundo tinha o comércio internacional ainda em ritmo lento se comparado ao período pré-crise.






+ Receptor - audiência cult, especialista


O filme custou US$ 2 milhões e já teve receitas de US$ 7,3 milhões. Grande resultado para um documentário, que costuma ter um público pequeno, de perfil intelectual, acadêmico ou cult. Como já dito, o Oscar deve ter ajudado nesse bom público, além de vários assuntos mostrados no filme estarem “frescos”.






- Lista de personagens


São muitos, mas os mais relevantes ou com mais tempo na tela entrevistados são:


CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO QUE LEVOU A CRISE


Andrew Sheng - Assessor-chefe da Comissão de Regulação Bancária da China


Barney Frank - Chairman da Comissão Financeira da Câmara dos Deputados dos EUA


Nouriel Roubini, Professor de negócios na NYU


Martin Wolf, Principal comentarista econômico do “Financial Times”


Daniel Alpert, Diretor-geral da Westwood Capital


Satyajit Das, Consultor de derivativos


Raghuram Rajan, Economista-chefe do FMI entre 2003-2007


Allan Sloan, Editor-sênior da revista "Fortune"


Jerome Fons, Ex-diretor-gerente da Moody's


George Soros, Investidor bilionário


Charles Morris, Autor de “The Two Trillion Dollar Meltdown”


Eliot Spitzer, Ex-governador e ex-procurador geral de Nova York


Kristin Davis, Ex-agenciadora de prostitutas para funcionários de Wall Street


Jonathan Alpert, Terapeuta de funcionários de Wall Street


Robert Gnaizda, Ex-diretor do Greenlining Institute


Dominique Strauss-Kahn, Diretor-executivo do FMI


Christine Lagarde, Ministra da economia na França


Gillian Tett, Editora-geral do “Financial Times”


Paul Volcker, trabalhou no departamento do Tesouro e foi chairman do Federal Reserve de 1979 a 1987










A FAVOR DO SISTEMA FINANCEIRO QUE LEVOU A CRISE


Martin Feldstein, professor de economia de Harvard, foi assessor de economia do presidente Reagan e um dos grandes arquitetos da desregulamentação


Glenn Hubbard, reitor da Columbia Business School, foi chairman do Comitê de Conselheiros Econômicos de George W. Bush


Frederic Mishkin, economista de Columbia, também foi do Fed de 2006 a 2008


John Campbell - Chairman do Departamento de Economia de Harvard


Scott Talbott, lobista-chefe do Financial Services Roundtable


David McCormick, subsecretário do Tesouro do governo George W. Bush






- Principais palavras usadas


Na transcrição das narrações e entrevistas feitas do documentário foram mais citadas as palavras: crise, desregulamentação, economia, sistema financeiro, bancos, Wall Street, bolha, lucro, crédito, dinheiro, derivativos, hipotecas, securitização, inadimplência, swaps, risco, bônus, aposta, agências de rating, grau de investimento, colapso, falência, lobistas, políticos, acadêmicos, prostituição, corrupção e drogas.


Nas imagens mais mostradas, além das pessoas entrevistadas, as cenas com mais tempo são: imagens de efeitos da crise (filas de pessoas procurando emprego, obras e máquinas paradas, casas vazias); animações gráficas sobre o funcionamento e o lucro e depois o colapso do sistema financeiro; imagens de ostentação dos membros do mercado financeiro (iates, jatos, casas luxuosas); falas de pessoas ligadas ao mercado financeiro que não quiseram dar entrevista (imagens de arquivo com cerimônias públicas e entrevistas para canais de televisão); e reproduções de documentos.






- Sequências de imagens


O próprio documentário fez essa divisão em capítulos:


Introdução: como a crise financeira destruiu a economia da Islândia e tem um caráter mundial; a criação de um chamado “esquema Ponzi”, operação de investimento fraudulenta que tem um retorno para os investidores em separado, não de qualquer lucro real auferido pela organização, mas a partir de seu próprio dinheiro ou o dinheiro pago pelos investidores subseqüentes;


Como Chegamos Lá – afirmações, entrevistas e cenas sobre o mercado financeiro após a Grande Depressão (1929-década de 1930) que mostram que os bancos eram regulados nos EUA e lucravam muito menos, mas havia prosperidade; desregulamentação financeira iniciada pelo presidente Ronald Reagan (1981-1989) e, segundo o filme, completada por Bill Clinton (1993-2001) e George W. Bush (2001-2009); inicio da concentração financeira com grandes conglemerados; investimentos de risco penalizando correntistas e enriquecendo banqueiros; bancos de investimentos usando securitização em suas operações com os CDOs (obrigações de dívidas colaterizadas), avalizadas pelas agências de risco.


A Bolha – o boom do financiamento imobiliário nos EUA; aumento nos empréstimos mais arriscados, chamados de subprime; esse mecanismo teria criado um “esquema Ponzi” global; seguradoras vendiam enormes quantidades de derivativos, CDS (swaps de crédito), para os investidores em CDOs - os CDS eram como uma apólice de seguro; mas, ao contrário dos seguros comuns, os investidores também podiam comprar CDS para apostar contra CDOs alheios; como os CDS não eram regulamentados, seguradoras não separavam verbas para cobrir possíveis perdas; no final de 2006 o sistema já não se limitava mais a vender apenas CDOs tóxicas, passou a apostar também contra elas enquanto dizia aos clientes que eram investimentos de alta qualidade; as três agências de rating, Moody's, S&P e Fitch ganharam bilhões de dólares dando notas altas a papéis arriscados. Kristin Davis, ex-agenciadora de prostitutas para funcionários de Wall Street, e Jonathan Alpert, terapeuta de funcionários de Wall Street, falam dos vícios bancados pela fortuna do sistema financeiro: cocaína e prostituição principalmente.


A Crise - em 2008, as retomadas de imóveis dispararam e a cadeia alimentar da securitização implodiu; mutuantes já não conseguiam vender empréstimos a bancos de investimentos; e quando os empréstimos micavam dezenas de mutuantes faliam; o mercado de CDOs afundou deixando os bancos com centenas de bilhões de dólares em empréstimos, CDOs e imóveis que não conseguiam vender; um pacote de US$ 700 bilhões é votado no Congresso para socorrer os bancos; a recessão aumenta o desemprego para 10% e empresas como GM e Chrysler ficam a beira da falência com a recessão.


A Prestação de Contas – lista de alguns executivos de bancos e seguradoras, que perderam o emprego após a crise, mas receberam fortunas. Stan O'Neal, o CEO da Merrill Lynch, ganhou US$ 90 milhões em 2006 e 2007. E depois de afundar a empresa o conselho da Merrill aceitou sua renúncia. E ele ainda recebeu US$ 161 milhões em indenização. Essa parte também mostra o poder do setor financeiro, representado por sua influência política (lobby e contribuições para campanhas) e intelectual (acadêmicos de destaque discretamente ganham fortunas ajudando o setor a moldar o debate público e políticas governamentais). Esse último aspecto é um dos mais explorados no filme, com um julgamento ético chegando ser feito em relação aos economistas que trabalham ao mesmo tempo para universidades, governo e sistema financeiro.


Onde Estamos Agora – contextualiza situação recente da economia norte-americana após a competição com outras nações se acirrar nos anos 1990. Milhões de americanos perderam emprego. Hoje as vagas são mais abertas em empresas de tecnologia, mas que exigem alta formação. Só que a maioria dos americanos não tem condições de pagar uma universidade. Por outro lado, o filme destaca que George W. Bush diminuiu impostos para ricos. O filme termina mostrando que após a eclosão da crise o controle do sistema financeiro não foi feito pelo presidente Barack Obama, que chamou para sua equipe econômica as mesmas pessoas envolvidas na crise financeira mundial, como Timothy Geithner para Secretário do Tesouro. Geithner era o chairman do Fed de NY durante a crise e um dos protagonistas na decisão de pagar ao Goldman Sachs 100 centavos por dólar pelas suas apostas contra as hipotecas.O filme destaca que nenhuma instituição financeira foi processada criminalmente por fraude mobiliária ou contábil.






- Omissões


A maioria dos protagonistas da crise financeira mundial nos EUA não deu entrevista, segundo o diretor não quiseram falar. Porém, a película usa do recurso de imagens de arquivo dessas pessoas, com falas para canais de televisão ou eventos públicos. Só que essas imagens de arquivo são negativas para os personagens e servem para corroborar as teses do diretor. Por exemplo, em 2010, os executivos da Goldman Sachs tiveram que depor no Congresso. Nas audiências, segundo informações obtidas pelo senador Carl Levin, foi revelado que os vendedores da Goldman Sachs trocavam entre si e-mails como: "Cara, a Timberwolf é um negócio de merda." Daniel Sparks, ex-chefe de hipotecas do Goldman Sachs (2006-2008), argumentou que recebeu esse e-mail só após a transação ser encerrada, mas depois reconheceu que continuou vendendo mesmo assim. Em entrevista pública de 10 de julho de 2008, após o Bear Sterarns quebrar e ser comprado, Henry Paulson, secretário do Tesouro (2006-2009), disse que: “Vi aqueles bancos de investimento trabalhando com o Fed e com a SEC para revigorar sua liquidez para fortalecer sua situação de capital. Recebo relatórios o tempo todo. Nossos reguladores estão atentos.” O filme mostra depois gigantes hipotecários à beira do colapso.


Economistas ou pensadores liberais, a favor da desregulamentação, não foram ouvidos. Não mencionam também os possíveis benefícios dessa postura para um país.






- Comparações


São comparados o sistema financeiro regulado (após a Grande Depressão) e o desregulado (começando no governo Reagan). O primeiro era, segundo o filme, menos ganancioso, menos lucrativo para os banqueiros e também possibilitava crescimento econômico. O segundo cria fortunas para poucos banqueiros, tem lucros bilionários, é corrupto e causa crises que afetam milhões de pessoas.


O filme também compara o caso Eliot Spitzer com o tratamento dado aos executivos do sistema financeiro. Eliot Spitzer foi governador do estado de Nova York de janeiro de 2007 até o dia 12 de março de 2008, quando anunciou sua renúncia. Ele se envolveu em um escândalo sexual. A polícia descobriu que ele fez uso dos serviços da prostituta Ashley Alexandra Dupré. Parte do escândalo foi revelado ao FBI pela cafetina brasileira Andréia Schwartz.


O filme afirma que “num ramo em que o uso de drogas, a prostituição e o reembolso fraudulento de despesas de negócios com prostitutas ocorrem em âmbito setorial não seria difícil as pessoas falarem, se você quisesse. Os promotores federais usaram os vícios pessoais de Eliot Spitzer para obrigá-lo a renunciar em 2008. Não demonstraram o mesmo entusiasmo com relação a Wall Street.”






- Ênfase


A desregulamentação financeira abriu espaço para especulações de bilhões de dólares, que fomentou bancos, seguradoras e agências de risco, ao mesmo tempo que alimentou a corrupção política e intelectual e colocou em risco as economias de milhões de pessoas pelo mundo. Há uma ênfase moral também, relacionada à riqueza exagerada do setor financeiro, de sua falta de punição pelos erros cometidos e seus vícios com entorpecentes e sexo.














ANÁLISE


O diretor Charles Ferguson conhece a administração pública e o mundo acadêmico dos EUA por dentro e foi um crítico do governo de George W. Bush, portanto, grande parte das ideias defendidas em seu filme são coerentes com sua vida pessoal e profissional. Ele também é especialista do mundo da alta tecnologia, portanto sabe dos males que o sistema financeiro fez para o setor no final dos anos de 1990 com a bolha da internet. Por isso também o filme ataca a nova bolha, a de crédito.


Pelo número de depoimentos e imagens tão maior contra o sistema financeiro, pelo narrador com perfil de esquerda, o filme também tem um pouco de militante e uma posição política amplamente favorável ao controle da economia. Esse aspecto militante aparece principalmente no final do filme com a narração de Matt Damon com as imagens da Estátua da Liberdade:






“Por décadas o sistema financeiro dos EUA foi estável e seguro. Até que alguma coisa mudou. O setor financeiro deu as costas à sociedade, corrompeu nosso sistema político e mergulhou a economia mundial numa crise.


A um custo enorme nós evitamos uma tragédia e estamos nos recuperando. Mas os homens e as instituições que causaram a crise continuam no poder. E isso precisa mudar.


Eles dirão que precisamos deles e que o que fazem é complicado demais para que entendamos. Eles dirão que isso não tornará a acontecer. Eles gastarão bilhões combatendo as reformas. Não será fácil. Mas há coisas pelas quais vale lutar.”






A Estátua da Liberdade é cheia de simbolismo. Oficialmente se chama "A Liberdade Iluminando o Mundo". Comemora o centenário da assinatura da Declaração da Independência dos Estados Unidos. Com isso o filme afirma que a desregulamentação financeira, que a princípio deveria ser um sinal de liberdade, é na verdade um grilhão que prendeu um país todo e boa parte do mundo num sistema de poder e corrupção que favorece poucos e prejudica milhões.


Além da liberdade, outra característica simbólica forte nos EUA é o puritanismo, que é uma concepção da fé cristã desenvolvida na Inglaterra por uma comunidade de protestantes radicais depois da Reforma. Segundo o pensador francês Alexis de Tocqueville, em seu livro “A Democracia na América”, trata-se tanto de uma teoria política como de uma doutrina religiosa.


O adjetivo “puritano” pode designar tanto o membro deste grupo de presbiterianos rigoristas como aquele que é rígido nos costumes, especialmente quanto ao comportamento sexual (pessoa austera, rígida e moralista).


O documentário “Trabalho Interno” é puritano ao condenar o comportamento privados dos “homens de Wall Street”. Mesmo isso tendo pouco ou nada a ver com a economia ou política, o filme entrevista o terapeuta Jonathan Alpert, que diz que as pessoas que atende de Wall Street são propensas ao risco e costumam frequentar clubes de strip e usam drogas, e diz que isso é um “desrespeito flagrante ao impacto que seus atos teriam sobre a sociedade e a família. Eles [homens de Wall Street] empregam prostitutas e voltam tranquilamente para suas mulheres”. O professor e diretor do laboratório de engenharia financeira da MIT, Andrew Lo, também dá uma declaração dizendo que neurocientistas chegaram à conclusão que o prazer de ganhar dinheiro estimula a mesma parte do cérebro que a cocaína afeta. A ex-agenciadora de prostitutas para funcionários de Wall Street, Kristin Davis, também é ouvida. Ele dá entrevista vestida sensualmente e fala que chegou a ter 10 mil clientes e que os gastos eram contabilizados para os homens como, por exemplo, “pesquisas de trading”. Mas claro, mesmo tudo isso sendo puritano, é lógico que deve ter ajudado na audiência do filme.


Na linguagem cinematográfica, o protagonista é o diretor Charles Ferguson, que apesar de não aparecer faz perguntas incisivas. No debate mais acolorado ele tira do sério um professor de Harvard:






Charles Ferguson: “Estou examinando o seu currículo. E me parece que a maioria de suas atividades externas é de consultoria a empresas financeiras ou participação em seus conselhos. Não concordaria com essa descrição?”


Glenn Hubbard: “Clientes de consultoria não constam do meu currículo, não sei.”


Charles Ferguson: “Quem são seus clientes de consultoria?”


Glenn Hubbard: “Não creio que eu tenha de discutir isso com você. Álias, restam-lhe alguns minutos para o fim da entrevista.”


Charles Ferguson: “Elas incluem outras empresas de serviços financeiros?”


Glenn Hubbard: “Possivelmente.”


Charles Ferguson: “Não se lembra?”


Glenn Hubbard: “Isso não é um depoimento. Fui gentil em lhe conceder meu tempo. Vejo que fui tolo. Tem mais três minutos. Capriche na tacada.” (Faz expressão de raiva)






O antagonista é o sistema financeiro como um todo (bancos, seguradoras e agências de risco). Ele sofre vários ataques ao longo do filme, perde dinheiro e poder, mas renasce no final. O herói descobriu ao final de sua trajetória que, em meados de 2010, nem um único alto executivo havia sido processado ou preso por crime. Nenhum promotor especial foi designado. Nenhuma instituição financeira foi processada criminalmente por fraude mobiliária ou contábil.


O governo Obama não tentou recuperar parte da remuneração paga aos executivos financeiros durante a bolha e as reformas financeiras do seu governo foram fracas. Isso é usado como um reforço de indignação, auxilia no tom militante no final do filme. O antagonista é poderoso, venceu a batalha, mas por princípios e porque ele não pagou por seus erros, a mensagem do herói no final é que a luta continua.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Inside Job2 - As bolhas

+ As bolhas
Como todos conseguiam empréstimos, os preços das casas dispararam nos EUA. O resultado foi a maior bolha financeira da história.

"A última vez que tivemos uma bolha habitacional foi no final de 80. Naquele caso, o aumento nos preços das casas foi relativamente menor. A bolha habitacional levou a uma recessão bastante severa. De 1996 a 2006 os preços reais das casas efetivamente dobrou."
Nouriel Roubini, professor de negócios na NYU


"Não era nem lucro nem renda. Era apenas dinheiro criado pelo sistema e contabilizado como renda. Em dois, três anos, se houvesse calote, tudo desapareceria. Agora, pensando bem, foi um mega esquema, Ponzi nacional, não só isso, global".
Martin Wolf, principal comentarista econômico do Financial Times

Sob a lei, Home Ownership and Equity Protection, o Fed tinha ampla autoridade para regular o setor de hipotecas. O Federal Reserve Board emitiria as normas necessárias, porém Alan Greenspan se recusou a usá-la.

Na bolha, os bancos de investimento contraíram grandes empréstimos para comprar mais hipotecas e criar mais CDOs. O índice de dívidas de capital dos bancos era chamado de "alavancagem". Quanto mais se endividavam, maior era a alavancagem.
Em 2004, Henry Paulson, CEO da Goldman Sachs, pressionou a SEC para atenuar as restrições à alavancagem permitindo que os bancos inflassem seu endividamento.
Em 28 de abril de 2004, a SEC elevou o limite de alavancagem dos bancos de investimento.
"O nível de alavancagem do sistema financeiro tornou-se absolutamente assustador. Os bancos se alavancaram até o nível de 33:1. Ou seja, uma redução minúscula de 3% em sua base de ativos os deixaria insolventes."
Daniel Alpert, diretor-geral da Westwood Capital

Havia outra bomba-relógio no sistema financeiro. AIG, a maior seguradora do mundo vendia enormes quantidades de derivativos, CDS (swaps de crédito).
Para o investidores em CDOs os CDS eram como uma apólice de seguro. Os investidores que comprassem CDS pagavam um prêmio trimestral à AIG. Se as CDOs micassem a AIG indenizava os investidores.
Mas, ao contrário dos seguros comuns, os investidores também podiam comprar CDS da AIG para apostar contra CDOs alheios.

"O seguro comum só garante os bens do segurado. Eu tenho uma casa, digamos. Só posso fazer o seguro dela uma vez. Os derivativos permitem que qualquer um faça o seguro da casa. E nesse caso, você ou 50 pessoas poderiam segurar minha casa. E o que acontece se um incêndio a destruir? O volume de perdas no sistema seria proporcionalmente maior."
Satyajit Das, consultor de derivativos

Como os CDS não eram regulamentados a AIG não separava verbas para cobrir possíveis perdas. Em vez disso, pagava aos empregados enormes bônus em dinheiro tão logo se assinavam os contratos. Mas se as CDOs micassem a AIG ficaria pendurada.

"Basicamente, as pessoas eram recomprensadas por assumir grandes riscos. Nos bons tempos, geravam receitas e lucros imediatos e ganhamvam bônus. Mas, com o tempo, isso levaria a empresa à falência. É um sistema de remuneração 100% distorcido."
Nouriel Roubini, professor de negócios na NYU

A divisão de produtos financeiros da AIG, em LOndres emitiu US$ 500 bilhões em CDS durante a bolha, boa parte referente a CDOs lastreadas em hipotecas subprime. Os 400 funcionários da AIGFP ganharam US$ 3,5 bilhões de 2000 a 2007.


Em 2006, Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI entre 2003-2007, apresentou para os banqueiros centrais do mundo o trabalho "O desenvolvimento financeiro põe o mundo em risco?".
O trabalho de Rajan versou sobre os incentivos que geravam bônus com lucros imediatos sem punição por perdas posteriores. Para ele, os incentivos levavam os banqueiros a assumir riscos que poderiam destruir suas próprias empresas e até o sistema financeiro.


O Goldman Sachs vendeu, pelo menos, US$ 3,1 bilhões dessas CDOs tóxicas na 1a. metade de 2006. O CEO da Goldman Sachs, à época, era Henry Paulson, o CEO mais bem pago de Wall Street. No mesmo ano de 2006 ele foi nomeado Secretário do Tesouro pelo presidente George W. Bush.
Vendeu sua participação de US$ 485 milhões no Goldman Sachs quando foi trabalhar no governo.

Em outubro de 2007, Allan Sloan, editor-sênior da revista "Fortune", publicou um artigo sobre as CDOs emitidas no último mês de Paulson como CEO. Na época um terço das hipotecas estava inadimplentes.
Um grupo que comprara esses papéis hoje sem valor foi o Sistema de Aposentadorias dos Servidores Públicos do Mississipi que paga benefícios mensais a mais de 80 mil aposentados.
Eles perderam milhões de dólares e agora estão processando o Goldman Sachs.
A aposentadoria anual média do servidor público do Mississipi é de US$ 18.750. A remuneração média anual de um empregado da Goldman Sachs é de US$ 600 mil. A remuneração de Henry Paulson era de US$ 31 milhões.

Venda de consórcio cresce 41,3%

A venda de consórcios no Brasil está em alta. Nos cinco primeiros meses deste ano somou
R$ 32,5 bilhões, o que representa crescimento de 41,3% sobre o mesmo período do ano passado.
  Segundo divulgou ontem a Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), os números se referem a todos os tipos de consórcios (veículos, imóveis, eletroeletrônicos e serviços).

Quando escolher/Os consórcios podem ser descritos como um tipo de poupança, mas a diferença é que o investimento já tem um objetivo definido: o uso de um bem.
Segundo o estatístico e professor do curso de administração da Fiap (Faculdade de Tecnologia da Informação), Flávio  Panhoni, o consórcio é uma alternativa para quem não dispõe de dinheiro no presente. “Além disso, os empréstimos comuns cobram juros, podem ter prestações maiores e o prazo nem sempre é longo o suficiente. Nos consórcios já temos prazos de 60 meses”, comenta.
Os inconvenientes do consórcio são a possível demora para adquirir um bem (pode levar um mês ou anos) e o modo de reajuste das parcelas. Há aumentos que variam  em função do bem, isto é, do seu valor de mercado. Há também consórcios com parcelas fixas, mas que contém um risco. “Quando a pessoa for contemplada e receber o valor acordado, o bem pode custar mais caro do que previsto. A inflação e o tipo de produto a ser adquirido devem ser levados em conta”, finaliza   Flávio  Panhoni.


Sistema permite programação
O presidente executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi, atribuiu ontem o crescimento da venda de consórcios ao bom momento da economia nacional e também ao fato de aumentar o ato “do brasileiro pesquisar, analisar e comparar os custos para efetivar a compra”. Já há consórcios de carros a R$ 407,48 mensais.  Ele também ressalta que o sistema permite também a programação da produção da indústria. “Para a indústria, esse mecanismo genuinamente nacional, permite a programação da produção a médio e longo prazos e garante o nível de atividade econômica”, diz.


Negócios em alta


- Volume
Janeiro a maio deste ano - R$ 32,5 bilhões
Janeiro a maio do ano passado - R$ 23 bilhões
crescimento de 41,3%

- Contemplações
Janeiro a maio deste ano - 441,6 mil
Janeiro a maio do ano passado - 400,7 mil
crescimento de 10,2%


Cuidados ao adquirir um consórcio
- Certifique-se quanto ao crédito indicado no contrato, prazo de duração do grupo, percentual de contribuições, despesas que serão cobradas, tipos de seguro que poderão ser exigidos,
garantias que deverão ser fornecidas quando você for contemplado;

- Verifique como se processará a contemplação, possibilidade de optar por crédito de menor ou maior valor antes da contemplação, forma de antecipação de pagamento de prestações etc;

- Você também pode entrar em contato com a Abac caso deseje informações adicionais sobre o funcionamento de consórcio ou esclarecimentos sobre cláusulas contratuais (acesse o site: www.abac.org.br ou ligue 0xx11-3231.5022);

- Informações sobre a idoneidade da administradora do consórcio podem ser obtidas também no Poder Judiciário, cartórios de protestos, Banco Central e no Procon


Fontes: Abac e Procon-SP

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Inside Job1 - Cadeia Alimentar da Securitização

Andrew Sheng
Assessor-chefe da Comissão de Regulação Bancária da China
"Desde o fim da Guerra Fria muitos ex-físicos e matemáticos decidiram trabalhar não em tecnologia bélica mas, sim, nos mercados financeiros. Com bancos e fundos de hedge. Como disse Warren Buffett, criando armas de destruição em massa.

Barney Frank
Chairman da Comissão Financeira da Câmara
"Há 30 anos, ao pedir empréstimo para comprar uma casa quem lhe emprestava esperava que você pagasse a dívida. O mutuante queria o dinheiro de volta. Nós agora temos a securitização, pela qual o mutuante não mais corre risco de inadimplência."

Usando derivativos, os financistas podiam jogar com praticamente tudo: apostar nos preços do petróleo, na falência de uma empresa, até no clima. No final da década de 1990, os derivativos, já eram um mercado não regulado de R$ 50 trilhões.

+ Cadeia Alimentar da Securitização

Sistema que distribuía trilhões de dólares em hipotecas e outros empréstimos a investidores de todo o mundo em 2001
O setor financeiro dos EUA era mais lucrativo, concentrado e poderoso do que nunca
Dominavam o setor cinco bancos de investimento (Goldman Sachs, Morgan Stanley, Lehman Brothers, Merril Lynch, Bear Sterarns), dois conglomerados financeiros (Citigroup, JP Morgan), três seguradoras de títulos (AIG, MBIA, AMBAC) e três agências de rating (Moody's, Standard & Poor's, Fitch)

+ Sistema antigo para comprar uma casa
No sistema antigo, quando o mutuário pagava a hipoteca todos os meses o dinheiro ia para o mutuante local. Como o amortização das hipotecas levava décadas, era preciso cuidado.

+ Sistema atual, com vários atores agora
No sistema atual, mutuantes vendem as hipotecas a bancos de investimento. Esses bancos reúnem  milhares de hipotecas e outros empréstimos, financiamentos de carro, empréstimos a estudantes e dívidas de cartão para criar derivativos complexos: as obrigações de dívidas colaterizadas ou CDOs.
Os bancos de investimento, então, vendem as CDOs a investidores. E quando os mutuários pagam suas hipotecas o dinheiro vai para investidores em todo o mundo.
Os bancos contratam agências de rating para avaliar as CDOs e muitas obtêm classificação AAA, o grau de investimento mais alto possível.
Assim, as CDOs ficaram atraentes para fundos de pensão, que só compram papéis de alta classificação.

O sistema era uma bomba-relógio. Mutuantes não ligavam se mutuários não podiam pagar e concediam empréstimos mais arriscados.
Para os bancos, tanto fazia. Quanto mais CDOs, mais lucravam.
E as agências de rating, pagas pelos bancos de investimentos nada perdiam se errassem na classificação das CDOs.


No começo de 2000, houve um aumento nos empréstimos mais arriscados, chamados de "subprime". Mas quando milhares de empréstimos subprime eram embalados em CDOs muitos ainda recebiam classificação AAA.

Os bancos preferiam empréstimos subprime. Recebiam juros mais altos. Isso levou a aumento maciço dos empréstimos predatórios. Incluíam-se, sem precisar, mutuários em empréstimos subprime caros e se concediam empréstimos a pessoas incapazes de pagar.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Mais brasileiros se endividam com valores menores

Sinal amarelo. A inadimplência  fechou o primeiro semestre  com alta de 22,3%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, representando o maior aumento em nove anos.
Esses dados da Serasa Experian mostram também um comportamento novo do consumidor. O número de pessoas endividadas aumentou, mas o valor médio das dívidas caiu (veja abaixo).

O assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, explicou ontem que o brasileiro ficou mais inadimplente com dívidas menores. “O lado positivo disso é que dívidas pequenas podem ser renegociadas, com isso a pessoa pode conseguir condições melhores para pagar. Mas se o devedor tiver várias dívidas pequenas fica mais difícil renegociar. A solução é mesmo cortar os gastos”, comenta.

Motivos /Segundo a Serasa Experian, o crescimento da inadimplência no semestre é justificado pelos efeitos da política monetária para controle da inflação, alta dos juros, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e encarecimento do crédito.
Por exemplo, a taxa média de juros do cheque especial subiu de 9,47% ao mês em maio para 9,53% em junho nos bancos pesquisados pelo Procon-SP. No empréstimo pessoal, a taxa média se manteve em 5,60% ao mês.
Vários segmentos do varejo intensificarem o uso do cheque pré-datado para contornar os custos com cartões e para aliviar o consumidor do maior IOF. Mas isso já fez a inadimplência com cheques subir 18,9% de maio para junho, segundo a Serasa Experian.
Consumidor pode pesquisar taxas
Se a alta de juros é um dos motivos do aumento de inadimplência, o consumidor pode pesquisar melhores taxas. O BC (Banco Central) faz esse acompanhamento e divulga os dados no site  www.bcb.gov.br/?TXJUROS.
Outra “dor de cabeça” para o bolso, as tarifas bancárias, também podem ser pesquisadas no site http://www.febraban-star.org.br/, serviço que a própria Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) fornece gratuitamente.

Peso nas dívidas das pessoas
Bancos 46,6%
Dívidas não bancárias* 40,7%
Cheques 11,2%
Protestos 1,6%
 
 
Valor médio
Modalidades de Inadimplência     Valor médio das dívidas Jan a Jun/2010         Valor médio das dívidas Jan a Jun/11         Variação
Dívidas não Bancárias*                 R$ 385,50                                                 R$ 307,54                                                 -20,2%
Dívidas com os Bancos                 R$ 1.335,17                                                 R$ 1.307,90                                         -2%
Títulos Protestados                     R$ 1.156,29                                             R$ 1.328,50                                                     14,9%
Cheques sem Fundos                      R$ 1.227,82                                         R$ 1.313,97                                                 7%
 
 
*Incluem cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água
 

Fonte: Serasa Experian

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Salário para quem trabalha em cruzeiros é até cinco vezes maior

Que tal viajar pelo mundo e ganhar salários mais altos do que aqueles pagos no Brasil? Isso é possível trabalhando em um cruzeiro internacional. As empresas do setor começaram neste mês a contratar pessoal para a temporada que se inicia em outubro. 
Vale lembrar que a rotina de trabalho é puxada, com média de 11 horas de trabalho por dia e a profissional tem que trabalhar em alto mar por cerca de oito meses. Inglês pelo menos no nível intermediário é exigido.
O grande chamariz é mesmo o salário. Ana Carolina Marques, recrutadora da Ship Jobs,  agência de recrutamento para navios de cruzeiro da América Latina e Europa, explica que os pagamentos são em moeda estrangeira. “O salário é em dólar ou euro, além disso são funcionários mais bem pagos porque tem um nível de  exigência maior. O pagamento  depende da companhia, pode ser quinzenal ou mensal”, conta.
 O setor espera que o número de vagas também cresça até outubro. “As companhias sempre nos solicitam mais vagas conforme a temporada brasileira se aproxima, pois elas são obrigadas por lei a terem em sua tripulação 25% de brasileiros”, diz o gerente de recrutamento da Infinity, Marcelo Del Bel.


Vale a pena/O estudante Armando Castlan Neto, 30 anos, trabalhou entre o final de 2009 e janeiro de 2010  em um cruzeiro que percorreu o Mar Mediterrâneo. “Trabalhei de garçom, com um turno de 10 horas e meia  por dia. Já tinha um experiência de morar fora [Inglaterra] para trabalhar e quis experimentar um cruzeiro. Consegui realizar muitas metas com isso”, conta.
Ele conseguiu juntar cerca de R$ 20 mil, dinheiro que usou para estudar para concursos aqui no Brasil. “Trabalhar em cruzeiro, principalmente em atendimento ao público, paga bem. Dependendo, é melhor do que trabalhar no exterior para quem quer juntar dinheiro”, diz.

Termo de Ajuste de Conduta tenta normalizar setor
Os contratos para trabalhar em um cruzeiro variam de empresa para empresa. Algumas oferecem contratos de trabalho temporário e outras chegam até oferecer carteira assinada seguindo as regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). 
Ano passado, o  Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho,  elaboraram um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) que tenta garantir um conjunto de novos direitos, visando oferecer a esses trabalhadores condições mínimas de trabalho decente. 
O TAC estabelece direitos como  remeter seu salário mensal para a família em transferência bancária, proibição de desconto em salário dos materiais fornecidos como ferramentas de trabalho e uniformes e controle de jornada preenchida pelo trabalhador. 
Os trabalhadores marítimos também seguem convenções aprovadas pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário.
  Denúncias no Ministério Público do Trabalho podem ser feitas no 0800-111616.

Número de passageiros é recorde
Segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgado em maio, a temporada de cruzeiros 2010/2011, encerrada no dia 22 de maio, transportou o volume recorde de 792.752 passageiros na costa brasileira, o que significa um aumento de 10% sobre a temporada anterior, quando foram transportados 720.621 .
R$ 1,3 bi 
Foi o faturamento dos cruzeiros em 2010/2011

Maioria sai do estado de São Paulo
Ainda segundo a FGV, a maioria dos 4 mil passageiros entrevistados, 61,1%, tem como origem o estado de São Paulo, 12% do Rio de Janeiro, seguida pelo Paraná. A maioria é mulher, 55,8%, casado, com 54,4%, e na faixa etária entre 25 e 44 anos, 48,6%.