segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Mundo pós-11 de Setembro é mais inseguro e imprevisível

Dez anos depois dos atentados de  11 Setembro de 2001 o mundo teve duas guerras, uma delas ainda em curso, e dezenas de outros ataques terroristas. Mais de 200 mil pessoas morreram.
Por isso, a constatação do professor de relações internacionais e ex-funcionário do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) Heni Ozi Cukier é que o mundo de hoje é mais inseguro. “É um cenário  imprevisível. Há vários grupos sub-nacionais  que desafiam os estados e são alimentados pela própria dinâmica da globalização”, analisa.
O globo ligado por conectividades, comércio internacional e enfraquecido de ideologias históricas,  oferece condições para o fortalecimento de grupos radicais  que tentam preencher o vácuo de estados fracos.
 Mudou também a forma dos conflitos militares. Antes, as guerras sempre terminavam com um lado vencedor ou com uma rendição. Hoje, elas terminam apenas com negociações e acordos, mas sem decisões absolutas.
Isso ocorre, de novo, porque os países em conflito normalmente são fragmentados, caso do Iraque e do Afeganistão, onde dezenas de etnias e tribos disputam o poder.
Sobre a  Al Qaeda, Heni a considera como a primeira organização terrorista realmente internacional, mas que passou por transformações  nestes 10 anos. “Ela está mais fraca e teve sérias derrotas operacionais. Hoje trabalha com subsidiárias e franquias. São células independentes, verdadeiros lobos solitários, mas que ainda praticam ataques sob a ideologia da Al Qaeda de  insatisfação com o mundo”, diz. 
 
Pequena melhora /Analistas também apontam sinais positivos no mundo pós-11 de Setembro. O professor de Segurança e Defesa Internacional, do Curso de relações internacionais da ESPM, Alberto Montoya, fala da mudança de discurso do Ocidente. “Entre 2001 e 2003, a ordem  era não negociar com terroristas, apenas ações militares  pesadas. Progressivamente as forças do EUA e da Europa aceitaram a negociação com líderes insurgentes e defendem a reconstrução dos países em conflito, mesmo com avanços lentos”, afirma.
Também há esforços para diminuir o financiamento ao terrorismo, como o vindo da venda da  heroína afegã e de material nuclear soviético. Nesse setor o maior esforço é evitar o acesso ao sistema financeiro internacional por parte dos autores de atos de terrorismo.

EUA reforçam segurança em bases militares
O Pentágono anunciou que elevou o nível de segurança nas bases militares norte-americanas, uma “precaução” para o aniversário de 10 anos dos atentados de 11 de Setembro. O governo norte-americano também divulgou acreditar que existe ameaça específica de ataque terrorista no aniversário de dez anos com um carro-bomba.
“Nesse estágio, é correto afirmar que há uma informação específica, real, mas não confirmada”, diz um comunicado divulgado pelo Departamento de Segurança Doméstica.
Um monumento que consta de duas fontes colocadas nos pontos exatos onde as Torres Gêmeas se erguiam está pronto e será inaugurado hoje.
Perto do local também estão previstas a construção de novas quatro torres. A principal torre no novo World Trade Center alcançará 541 metros de altura, convertendo-se no edifício mais alto do país quando estiver finalizado.  As outras  torres serão ligeiramente mais baixas.

Guerra ao terror custa US$ 4,4 trilhões 
O Instituto Watson de Estudos Internacionais, da Universidade Brown, através do  estudo “Custos de Guerra”, afirma que os Estados Unidos gastaram ao longo de dez anos até US$ 4,4 trilhões (quase
R$ 7 trilhões). O  presidente Barack Obama citou o alto custo dos conflitos armados como uma razão para retirar parte das tropas norte-americanas do Afeganistão.  Os gastos militares dos EUA também são apontados como um dos motivos para o crescimento da dívida pública dos EUA.




O dia em que começou o século 21


+ O ataque e o revide
Na manhã de 11 de setembro de 2001, às 8h46, aviões comerciais destruíram as Torres Gêmeas do World Trade Center e uma das paredes do Pentágono. No total, 2.977 pessoas morreram no maior ataque da história contra os Estados Unidos, que incluiu ainda um avião que caiu em uma área rural na Pensilvânia
Apenas 26 dias após os atentados do 11 de Setembro os EUA bombardearam o Afeganistão

2.606 morreram no Worl Trade Center
87 morreram no avião que colidiu com a torre norte
60 morreram no avião que colidiu com a torre sul
125 morreram no Pentágono
59 morreram no avião que colidiu com o Pentágono
40 morreram no avião que caiu na Pensilvânia



+ Evento mundial
TVs do mundo todo mostraram o segundo avião atingindo o World Trade Center
Um dos maiores historiadores vivos do mundo, o britânico Eric Hobsbawm, considera que o mundo pós-11 de Setembro marca o começo do século 21


+ Os personagens principais
Osama bin Laden - o saudita é um dos fundadores da rede terrorista Al Qaeda e considerado o principal arquiteto do 11 de Setembro. De família rica, ainda jovem, após a invasão soviética do Afeganistão em 1979, foi lutar pela liberdade do país, na época com ajuda dos EUA
Foi morto em maio deste ano no Paquistão em ação secreta dos EUA

Mohammed Atta - participou do planejamento do 11 de setembro. O egípcio treinou como piloto na Flórida e foi responsável pelo sequestro do voo 11 da American Airlines que se chocou com a torre norte do World Trade Center

Khalid Sheikh Mohammed - é um prisioneiro sob custódia, na base militar norte-americana de Guantánamo. É considerado o autor intelectual dos ataques de 11 de Setembro

George W. Bush - presidente norte-americano durante os ataques. Foi o responsável por aprovar a "guerra ao terror", que teve invasões ao Afeganistão e Iraque

Donald Rumsfeld - secretário de Defesa de Bush, coordenou as invasões e foi acusado de permitir técnicas abusivas de interrogatório na prisão de Guantánamo
Dick Cheney - vice-presidente dos EUA. Sempre ligou o ditador iraquiano Saddam Hussein à Al Qaeda, argumentando que o Iraque tinha supostas armas de destruição em massa


+ Motivos
Na época dos ataques, a rede Al Qaeda atribuiu os ataques à presença dos EUA na Arábia Saudita, ao apoio a Israel por parte dos EUA e às sanções contra o Iraque
Em 1998, a Al Qaeda também havia divulgado que "por mais de sete anos, os Estados Unidos têm vindo a ocupar as terras do Islã e os lugares mais santos, a Península Arábica, saqueando suas riquezas, mandando em seus governantes, humilhando seu povo, aterrorizando seus vizinhos, e transformando as bases da península em uma liderança para lutar com os povos muçulmanos vizinhos."
Intelectuais como Jean Baudrillard e estudiosos de Relações Internacionais como Peter Bergen também atribuem hoje os ataque à humilhação que o mundo islâmico teria ao ficar para trás do mundo ocidental, especialmente pela diferença expressiva da economia devido à globalização desigual recente  e também que os terroristas teriam o desejo de provocar os EUA para uma guerra mais ampla contra o mundo islâmico, com a esperança de motivar mais aliados a apoiarem a Al Qaeda


+ Escalada do terror
A Al Qaeda assumiu ou também teve vários outros atentados atribuídos a ela:
Trens urbanos de Madrid (2004)
Metrô de Londres (2005)
Casablanca (Marrocos)
Djerba (Tunísia)
Sinai (Egito)
Istambul (Turquia)
Iraque
Arábia Saudita
Aden (Iêmen)
Nairobi (Kenya)
Dar es Salaam (Tanzânia)
Paquistão
Afeganistão
Jakarta e Bali (Indonésia)



+ Guerra ao terror
O então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, logo após ao 11 de Setembro, declarou a "Guerra ao Terror" como parte de uma estratégia global de combate ao terrorismo

Principais ações:
-> Guerra do Afeganistão (2001–presente):
Queda do governo Talibã no Afeganistão
Destruição de acampamentos da Al Qaeda
Insurgência Talibã
Guerra no Noroeste do Paquistão
Morte de Osama bin Laden, líder da Al Qaeda

-> Guerra do Iraque (2003–2010)
Queda do governo do partido Baath no Iraque
Execução de Saddam Hussein
Eleições livres
Insurgência iraquiana

-> Ações menores no Chifre da África (região da Somália, Etiópia, Djibouti e Eritreia) e nas Filipinas


Mortos:
Iraque
9.200 combatentes iraquianos
7.299 civis
4.400 militares norte-americanos

Afeganistão
Exército Afegão: 8.756 mortos
OTAN: 2.465 mortos
Civis: mais de 10 mil

Muitas outras pessoas morreram também indiretamente como, por exemplo, desnutrição e falta de acesso a atendimento médico e água potável
O Instituto Watson de Estudos Internacionais, da Universidade Brown, através do  estudo “Custos de Guerra", calcula que a Guerra ao Terror matou um total de 224 mil a 258 mil pessoas



Fontes: Departamento de Defesa dos EUA, Governo do Iraque, iCasualties.org, Universidade Brown, Missão das Nações Unidas  no Afeganistão e especialistas

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