quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Parece mas não é: exportações sobem, porém, indústria sofre

Neste ano, as exportações do estado de São Paulo estão em alta de 17% até julho em relação ao mesmo período do ano passado, segundo os últimos dados do Ministério do Desenvolvimento. Mas a maior parte da indústria paulista não está feliz. A razão é que os US$ 32,4 bilhões exportados estão concentrados em commodities agrícolas, ou seja, matérias-primas como o açúcar.
 Em entrevista o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, explicou a situação. A exportação de itens manufaturados teve queda. “Na verdade, as exportações paulistas, por serem mais intensivas em manufaturas, foram as mais prejudicadas desde o período de crise internacional ocorrida entre 2008 e 2009. E mesmo agora, em 2011, o estado está exportando um valor ligeiramente inferior ao mesmo período de 2008, com 1,3% de queda”, aponta.
Como exemplo da queda acentuada das exportações de bens industrializados, ele cita os aviões, antes importante destaque da pauta, que agora perdem espaço ano após ano.
Outros setores, como calçadista, têxtil e de autopeças, estão deixando de vender no exterior e aumentando a produção, quando conseguem, voltada ao mercado interno, que enfrenta forte concorrência de importados com a valorização do real. Ontem o dólar fechou a R$ 1,650 e há um ano estava R$ 1,725. No total, as importações já superaram as exportações no estado. 

Soluções/  Skaf critica como entraves para a exportação a carga tributária elevada, câmbio valorizado, alto custo do capital, guerra fiscal nos portos e ainda ausência de um mecanismo eficaz para devolução dos créditos tributários dos exportadores. “É necessário enfrentar essas questões, além de acelerar projetos em logística que reduzam o custo das empresas”, afirma.

Importações paulistas subiram 26% no período e somam US$ 46,6 bilhões


Governo estuda como ampliar medidas de defesa
No dia 2 de agosto, o governo federal apresentou o Plano Brasil Maior, que estabeleceu uma política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior para o período de 2011 a 2014.

O impacto final nas contas públicas com desonerações será de R$ 24,5 bilhões em 2011 e 2012 com a nova política industrial. Os quatro setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento na nova política industrial, indústrias calçadista, têxtil e de móveis, além de software, respondem por aproximadamente 10% da folha agregada da indústria de transformação, segundo o Ministério do Desenvolvimento.

Entidades como a Fiesp e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) elogiaram as medidas do plano, mas pediram mais avanços e ampliação para mais setores.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério do Desenvolvimento afirmou que a desoneração da folha de pagamento não deve ser estendida a outros setores neste ano, mas que o governo está trabalhando também em outras frentes.

Fazendo coro ao que já divulgou o ministro Guido Mantega (Fazenda), o governo quer implementar uma política mais forte de superavit primários (economia de gastos para pagar juros da dívida pública) que deve permitir mais investimentos e ampliação da desoneração fiscal.  A meta é elevar o investimento dos atuais 19% para 22,4% do PIB (Produto Interno Bruto)  até 2014.

Crise oferece preocupação
O perigo da crise econômica – que atinge os países ricos – se alastrar pelo mundo também pode  prejudicar as exportações. O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre deste ano reforça o quadro atual de preocupação para o setor industrial, alerta a CNI (Confederação Nacional da Indústria). O PIB industrial cresceu somente 0,2% no segundo trimestre deste ano, frente ao trimestre anterior. A indústria de transformação ficou estável no período, enquanto a construção civil expandiu-se apenas 0,5%.


 Como andam as exportações no estado


Valores em US$ - període de janeiro a julho

+ Bauru
2011 - 125.732.554 (alta de 13%)
2010 - 111.504.302

+ Itatiba
2011 - 77.979.796 (alta de 26,5%)
2010 - 61.603.224

+ Jaú
2011 - 10.349.431 (alta de 155%)
2010 - 4.055.772

+ Jundiaí
2011 - 290.387.258 (queda de -0,34%)
2010 - 291.397.851

+ Marília
2011 - 17.308.506 (queda de -6%)
2010 - 18.474.491

+ Santo André
2011 - 538.758.992  (alta de 55%)
2010 - 346.885.624

+ São Bernardo do Campo
2011 - 2.757.684.079 (alta de 29%)
2010 - 2.141.009.648

+ São Caetano do Sul
2011 - 490.525.568 (alta de 47%)
2010 - 333.932.972

+ Diadema
2011 - 128.055.035 (alta de 34%)
2010 - 95.242.336

+ Rio Preto
2011 - 7.005.146 (queda de -82%)
2010 - 38.778.941

+ São Paulo
2011 - 3.877.991.999 (alta de 7,6%)
2010 - 3.603.347.853

+ São José dos Campos
2011 - 2.580.962.996 (queda de 0,6%)
2010 - 2.596.644.921

+ Sorocaba
2011 - 903.213.766 (alta de 47%)
2010 - 612.631.891

+ Taubaté
2011 - 640.050.361 (queda de -2,35%)
2010 - 655.480.161

+ Estado de São Paulo
2011 - 32.439.486.466 (alta de 17%)
2010 - 27.825.594.814
Principais produtos neste ano
1 ACUCAR DE CANA,EM BRUTO   2.987.430.324
2 OUTS.ACUCARES DE CANA,BETERRABA,SACAROSE QUIM   1.552.217.590
3 OUTROS AVIOES/VEICULOS AEREOS,PESO>15000KG,VA   1.286.224.319
4 CARNES DESOSSADAS DE BOVINO,CONGELADAS   804.433.091
5 AUTOMOVEIS C/MOTOR EXPLOSAO,1500<CM3<=3000,AT   686.158.713



Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

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